Humano em nós...
- Hugo Allan Matos

- 23 de ago.
- 1 min de leitura

No tear do tempo, um fio de pó e estrela, Nasce o ser, mistério que a si mesmo se revela. Não só carne que anseia o pão, a água, o abrigo, Mas abismo de anseio, de um sentido antigo.
Existir é a casca, o respirar na margem, Viver é mergulhar, rasgar a própria imagem. É sentir-se parte do Gesto que tudo cria, Um coautor do sagrado, em plena luz do dia.
Pelo amor, essa força que move sol e gente, A criação pulsa em nós, torrente onipotente. Deixamos de apenas ser, para nos tornarmos ponte, Entre o barro que nos forma e a mais divina fonte.
E nos olhos do outro, um universo se expande, Relações, nós sagrados, que a ciência não entende. Laços que a alma tece, em silêncio e canção, Mistérios insondáveis do humano coração.

Ver em toda a face a face do Criador, Sentir o Seu afeto, que afasta toda a dor. Na flor que rompe o asfalto, na brisa que acalma, Perceber que "tudo é bom", sussurro para a alma.
Mesmo na sombra, na fenda, no aparente fim, A ausência do bem grita pela potência em mim. O mal só nos aponta o espaço a ser preenchido, Pelo amor que resgata o que estava perdido.
Somos poesia encarnada, verbo que se fez gesto, Deus em nós, a buscar no mundo um lugar honesto. Transcender a sobrevivência, o raso cotidiano, É a nossa vocação, o nosso mais belo plano.





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