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Quem estou sendo

Não gosto de me definir, descrever, etc...Porque acredito que somos álter@s e que vamos nos construindo no passar da vida...Mas...Como há uma curiosidade muito forte em relação a nossas crenças, enquanto professor@s, sobretudo nesse início de uma verdadeira "cruzada" contra tod@s que defendem direitos humanos, para não correr no risco de que me definam como não sou, facilitarei o trabalho aqui, sintetizando tudo em que acredito hoje. E não gosto de expor minha vida privada, pois sou casado, vivo numa linda família, qual faço o possível para proteger.

De minha infância lembro-me bem pouco, por ter sido um tanto sofrida. Lembro-me de primeiro morar num cortiço, ao lado de um chiqueiro na Vila do Tanque. Depois em um barraco na favela no Jd. Regina e quando chovia, ajudava minha mãe a cuidar de meus irmãos para a enchente, que entrava em casa, não molhá-los, lembro-me de mudar muitas vezes por causa do preço do aluguel, de morar de favor na casa de tios, etc...Uma infância sofrida e de poucos amigos, dado a frequência de mudanças, cada série do ensino fundmaental fiz em uma escola diferente, em alguns anos a mesma série em mais de uma escola...Entretanto, uma infância feliz onde sempre pai e mãe estavam "ralando" para que não faltasse o básico...

Desde muito cedo, por influência de minha mãe e pai, me defino cristão. Aos 14 anos comecei a buscar o que é ser cristão, no grupo de jovens, depois catequese da crisma, pastoral da juventude, na Renovação Carismática e na Teologia da Libertação. Sempre busquei encontrar uma síntese entre estas duas teologias, que a meu ver são imprescindíveis para a Igreja latino-americana. 

Também aos 14 anos, por influência de meu pai entrei no SENAI, para fazer o curso de elétrica de manutenção e além de passar no teste do SENAI, passei na TRW, que era uma empresa forte na região, onde meu pai trabalhava. Portanto ingressei como aprendiz. 

Um pouco mais maduro aos 16 anos, em busca de uma concepção cristã que pudesse resolver as contradições entre a RCC e a TL, resolvo sair do SENAI, por intuir que a indústria não vai continuar como está na época, interesso-me pelos computadores, eu já tinha um e já conseguia fazer manutenção de hardware, com o que atuei por algum tempo...e alguns empregos registrados para ganhar um pouco mais e continuar ajudando em casa...

Como devia definir uma profissão estava dividido entre a informática, hardwares e teologia. Mas como tinha que ajudar em casa também, não conseguia estudar e trabalhar. Foi só com 21 anos que "bati o martelo" e apesar de passar em faculdade de informática, optei pela teologia. Graças a ajuda de um casal de amigos, com os quais eu ia todos os dias para a faculdade, iniciei um curso de teologia para leigos, de 5 anos.


Mas, no segundo ano desse curso, em 2003, tive uma epifania (revelação). Apesar de já ter atuado com palestras, pregações, no contexto da RCC e da Pastoral da Juventude, participar de um Ministério de Música chamado "sete dons" e ter fundado e atuar em outro chamado Banda Siloé, ter atuado em movimentos eclesiais... foi em meio ao contexto da ocupação Santo Dias (do MTST), convivendo com as pessoas sem-teto, dormindo com elas (e trocar artigos com pe. Egídio Battocchio pelo Diário do Grande ABC, no qual o mesmo tentava justificar o fechamento das portas da Igreja Matriz aos sem-teto) tentando ajudar aquele movimento, encontrei-me com o Cristo, decidi-me verdadeiramente cristão e aceitei o desafio de dois padres amigos: ir para o seminário e discernir minha vocação, desde os 14 anos sempre pensei em entrar no seminário e em cada namoro que terminava, essa ideia ficava mais forte... 

Entro no seminário dos padres carlistas-escalabrinianos em 2014, após um ano de profundo discernimento, estudo e autoconhecimento, decidi-me pela filosofia e para não dar gastos para a congregação e não passar-me como aproveitador, comuniquei que havia decidido minha vocação, mas os mesmos pediram-me que continuasse por mais um tempo e melhor pensasse, o que fiz até 2016, quando em Curitiba, já na graduação em filosofia na PUCPR, atuo no movimento estudantil, como presidente eleito por dois anos no centro acadêmico Alexandre Vanucchi, definitivamente peço para sair do seminário. Sou muito grato à congregação por esta experiência de vida comunitária, qual permitiu que eu organizasse minhas vivências e entendesse minha vocação e amadurecesse muito na fé e na vida.

Saio do seminário, vou morar com colegas, trabalhar como vigilante patrimonial e continuar à faculdade. Longe de casa, saudoso, fico por lá mais um ano e retorno para São Bernardo, à Universidade Metodista, onde termino à graduação. Em 2009 consigo meu primeiro emprego como professor de filosofia, no colégio Petrópolis, faço pós-graduação, entro como docente na universidade, faço mestrado em educação e permaneço como docente por 8 anos. Nesse meio tempo, realizo o sonho que me levou a escolher ser professor de filosofia: retornar à escola em que havia realizado o Ensino Médio como professor, escola Carlos Pezzollo. Passei no concurso público e o cumpri, mas de 2012 a 2014, cumprindo o estágio probatório, percebo a organização do sistema educacional, quão corrompido, fragilizado está, o engessamento de professores e professoras mal-valorizad@s e com pouca possibilidade de intervenção na realidade educacional das comunidades em geral e pouquíssima na vida d@s estudantes também. Nesse tempo senti-me obrigado a atuar na APEOESP também, como representante sindical da escola...Mas, decidi por sair e atuar na universidade, na formação de professores e professoras. 


Toda minha trajetória profissional, acadêmica, as escolhas teóricas, autor@s estudad@s, tudo o que pesquiso, minha atuação social, teve uma mola propulsora: o discurso das bem-aventuranças (MT5) em particular, mas o Evangelho (testemunho da vida de Jesus) e minha crença cristã em geral.  

Acontece que no meio do caminho, em toda a dificuldade de vida, em todas as causas e batalhas que como cristão entrei, sempre estiveram ao meu lado pessoas de esquerda, socialistas, anarquistas, progressistas, democráticas... E com elas aprendi muito, também ensinei e evangelizei. E este vínculo, esta parceria de vida, penso ser tão antiga quanto o próprio cristianismo. É claro que não podemos dizer que no tempo de Jesus havia socialistas, comunistas, anarquistas, estas são construções políticas recentes. Mas para dar um exemplo apenas, no grupo dos 12 apóstolos, havia pelo menos dois zelotes que é um movimento judaico nacionalista que lutava (armado) contra o domínio romano. Qual a relação de Jesus com este grupo, o mais radical dos judeus? Por que escolheu ninguém menos que Judas Iscariotes, um zelota, para cuidar das finanças do grupo? Qual sua relação com Simão, o cananeu, zelota? O que significa de fato, neste contexto, o povo ter escolhido Barrabás, o zelota e não Jesus para ser libertado? Reza Aslan um famoso teólogo escreveu um livro: "Zelota" no qual trata dessa proximidade de Jesus com eles, defendendo inclusive que Jesus o Cristo é um Zelota. Não acredito nisso, mas que de fato essa proximidade do mestre, pacífico, que dividiu o mundo com sua mensagem de amor e paz, dos Zelotas nos serve muito hoje, isso penso ser inegável. Penso que está aqui uma interessante chave de leitura, somando-se e fundando-se na mensagem Evangélica e das primeiras comunidades bíblicas, para entendermos a diferença entre cristandade e cristianismo . Esta diferença, penso, nos ajuda hoje a entender quando a palavra e algumas crenças cristãs são descontextualizadas e usadas hipocritamente (como pelos fariseus) apenas para o domínio do poder político. 

E como cristãos e cristãs, sabemos que o Reino de Deus, centro da mensagem do Cristo, não é deste mundo, mas que começa aqui e estende-se à eternidade. Leia mais aqui

Minha formação e fazer filosófico contudo, muitas vezes não vai ao encontro a esta crença, mas contra ela. Estudo filósofos cristãos e não cristãos, de acordo com as disciplinas e necessidades pelas quais sou convocado a agir. 

Minha formação inicial é a Filosofia da Libertação e a filosofia latino-americana. Hoje estende-se para Filosofia brasileira, filosofias críticas do séc. XX e Filosofia moderna do séc. XV a XVII, especialmente Montaigne e Roterdã. O conceito que mais estudo hoje é o conceito de Bem Viver. E os campos de atuação: Ética, Teoria do Conhecimento e Filosofia da educação. Acredito que na contemporaneidade, tempo da superficialidade no conhecimento - Revolução provocada pelo Ciclo de Viena - não seja tão possível separar os campos do conhecimento...

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