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Frei Gilson, Padre Júlio Lancellotti e a Igreja Que Sai e Acolhe

Foto do site da CNN

Você viu a foto? Frei Gilson e Padre Júlio Lancellotti juntos. Uma imagem que rodou a internet e, para muitos, pode ter parecido um encontro de "opostos". De um lado, o fervor espiritual, as orações que tocam o céu. De outro, a luta diária nas ruas, as mãos estendidas aos invisíveis, a teologia que brota da vida sofrida dos pobres.

Mas essa foto é muito mais que um clique. É um espelho da riqueza imensa da Igreja Católica – uma Igreja que é universal (que significa "católica"), grande o suficiente para abraçar a diversidade de carismas, jeitos de rezar e formas de viver o Evangelho. Ela nos mostra que a unidade em Cristo não significa uniformidade chata, mas uma sinfonia de dons a serviço do mesmo Reino.Não podemos cair na armadilha dos cancelamentos, das intrigas, das polêmicas das quais vivem hoje a internet, infelizmente. Como cristãs e cristãos precisamos fazer o oposto, creio eu e me recordo da música católica que mais gosto: a Orçõ de São Francisco de Assis: "...onde houver discórdia que eu leve a união".

Há teologias que nos levam a contemplar a glória de Deus, sentir a força do Espírito vibrando em nós, buscar uma experiência profunda do divino. E precisamos disso! A Bíblia fala dos muitos dons que o Espírito distribui "para o bem comum" (1 Coríntios 12:7). Essa força espiritual nos reanima e nos impulsiona.

Mas há também teologias que nos jogam na realidade dura do mundo, que nos mostram o rosto sofredor de Cristo nos pobres, que nos chamam à justiça e à transformação social como parte essencial da fé. E precisamos disso também! Jesus mesmo inaugurou seu ministério lendo o profeta Isaías: "Ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para 1  libertar os oprimidos..." (Lucas 2  4:18). A opção pelos pobres não é uma moda ou uma ideologia política para os cristãos; é a opção que Jesus fez em sua vida e que deve ser o centro da nossa, como Igreja e como indivíduos. É o coração da construção do Reino de Deus aqui na Terra, um reino de justiça e solidariedade.

Padre Júlio Lancelotti no Podcast 3 Irmãos Lixeira falou sobre o Frei Gilson algo que é também a minha opinião: o fato de Frei Gilson ser conservador, não o torno melhor ou pior que eu que tendo para a Teologia da Libertação:


Neste mesmo vídeo, padre Júlio fala de como Jesus escolheu apóstolos já diferentes entre si, com opiniões e espiritualidades até diferentes.

A grande lição deste encontro me parece ser a de que essas duas dimensões não são inimigas, mas duas asas do mesmo pássaro. Uma fé cheia do Espírito que não leva à ação concreta pelos pobres e excluídos é uma fé incompleta, ou como disse Tiago: "a fé, por si só, se não for acompanhada de ações, está morta." (Tiago 2:17). Por outro lado, um compromisso social que não brota de um amor profundo a Deus e não é alimentado pela força do Espírito corre o risco de se esgotar ou virar mera ideologia.

O Papa Francisco tem insistido incansavelmente nessa unidade dinâmica. Ele nos chama a ser uma "Igreja em saída", que não tem medo de ir para as "periferias existenciais e geográficas". Em Evangelii Gaudium, ele escreve algo fortíssimo: "Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído para as ruas, do que uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças." (n. 49).

Essa "saída" é movida pelo Espírito Santo e nos leva, prioritariamente, ao encontro dos mais vulneráveis. O Papa também afirma em Evangelii Gaudium que "cada cristão e toda comunidade estão chamados a ser instrumentos de Deus para a libertação e promoção dos pobres" (n. 199). Percebe a união? Ser "instrumento de Deus" (ação do Espírito) para a "libertação e promoção dos pobres" (compromisso social evangélico).

Desde meus 15 anos, quando recebi o sacramento da crisma e decidi comprometer-se com a construção do Reino, na Igreja, andei por dois mundos: a Renovação Carismátia Católica (RCC) e a Teologia da Libertação (TL). Às vezes prefiro uma missa com liturgia mais tradiconal, mas não rejeito uma missa com espiritualidade da RCC... Não concordo em quase nada com Frei Gilson em suas opiniões sobre os temas sociais. Mas reconheço que é um bom frei, estuda, lê, discute opiniões e parece ser um bom líder espiritual. Às vezes assisto suas pregações e participo de suas orações.

A foto de Frei Gilson e Padre Júlio Lancellotti é um convite profético: que amemos toda a riqueza da nossa fé. Que valorizemos tanto o fervor que nos eleva quanto o compromisso que nos move para as ruas. Que não tenhamos medo das nossas diferenças teológicas ou carismáticas, mas as vejamos como dons para uma Igreja mais completa, mais viva e mais fiel a Jesus. Uma Igreja que reza com paixão e age com compaixão, unindo céu e terra no serviço aos que mais precisam. Essa é a Igreja que o mundo, sedento de Deus e de justiça, anseia encontrar.

Recordo-me da música de Padre Zezinho: Dois riscos.


E para terminar, uma reflexão com Frei Gilson, sobre Espiritualidade, a partir do livro: A Imitação de Cristo. Gostei muito!



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Vídeo de Padre Júlio Lancellotti falando da Teologia da Libertação:



 
 
 

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